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segunda-feira, 30 de setembro de 2013

UNHA ENCRAVADA!

CRÔNICAS.



            
                       ESPINHO ENCRAVADO NA UNHA



- Acontecem coisas que não conseguimos entender o porquê. Por exemplo, por que unha não se escreve com "h" (hunha)? Tudo que fazemos nessa vida tem a participação efetiva das mãos. Parte do corpo imprescindível para ajudar todos os outros movimentos, do instante em que acordamos ao momento que voltamos ao descanso. No ínterim dessa passagem a vida nos abre os olhos para saber, conhecer, ser feliz ou sofrer muito. Às vezes essa mesma vida, nos fecham os olhos para a paz e por fim, forçadamente nos leva ao caminho do desespero e da dor: Aquela dor que só nós sabemos qual lugar do coração ela teima em machucar. Mesmo que a mente suporte o sacolejo e segure as lágrimas, elas insistem teimosamente em rolarem dos olhos abaixo, formando caminhos tortuosos na face, mas com um destino certo: O chão! A mente suporta o clamor do coração.
- Nas mãos estão os importantes dedos com suas proteções de enormes utilidades. São dez unhas, uma para cada dedo. Estão lá, não para cuidar só do corpo quando de uma indesejada coceira. Por ser de grande importância e potencialmente eficaz, seria muito difícil de viver sem as carapaças dos frágeis dedos! Também para nos protegerem das dores irrelevante da vida.
- Tal qual coração, a unha pode nos deixar tão sensíveis, quando nos deparamos com pequenas ou grandes decepções. Como você se sente, quando a unha se desprende um pouco que seja, da carne do dedo? Ou quando um espinho se encrava sob a unha? Essas dores não são tão grandes quanto a de uma martelada, mas incomoda... E muito! Sim, é necessário outro objeto pontiagudo para extrair a farpa encravada, encravada sob a unha. Dor e tristeza é o efeito desse atrevido alojado nas entranhas da carapaça. E assim saímos de um estado feliz para um chato momento da vida.
- Assim me aconteceu, foi encravada em minha unha a farpa do destino. Depois de ser marcado por um infarto e ser submetido a uma cirurgia de ponte, para corrigir veias obstruídas, várias portas se fecharam para mim. As firmas não querem assumir algum tipo de responsabilidade a empregar alguém que operou o coração. Porém, após um ano de cirurgia, , consegui um emprego. Senti uma felicidade enorme, pois minha vida havia voltado ao normal. É bem verdade que o salário era pouquíssima coisa além do salário mínimo. Contudo, me senti na ativa, e melhor, me senti útil. Infelizmente essa felicidade não demorou nem 40 dias. Igual farpa introduzida sob a unha, o destino resolveu me demitir do emprego. A dor, uma dor que nunca sentira antes aos poucos foi me invadindo, enquanto eu tentava segurar as lágrimas teimosas. Eu tentava, mas ela enchia meus olhos! Então deixei que ela lavassem meu rosto e seguissem seu rumo. E por dentro eu choro e deixo que elas caiam feito cataratas. Nunca uma demissão me deixara tão magoado. Dias após o desemprego, tive tempo de reparar como estavam minhas heroínas que protegiam minhas mãos, pobres coitadas, estavam imundas... As cutículas mudaram de cor, efeito dos óleos queimados e poeiras, tintas e graxas!
- À medida que eu ia aparando as unhas sujas, sentia como se um pedaço de mim, estivesse pulando pra fora do corpo ao som do cortador: téc-téc-téc..., o destino dessas sobras era o lixo, e parecia que lá eu também estava.
- As minha unhas sujas representavam vida, muita vida, alegria, muitas alegrias. Eu estava feliz! Aqui estou eu cortando-as, cortando minha vida. Nunca fui tão feliz num trabalho, quanto fui nesse  último! Minhas unhas sujas e manchadas representavam a volta de um homem ao mercado de trabalho. Agora tudo acabou! Minhas unhas estão voltando a cresce e serem limpas. A realidade nesse momento é vivida por desgosto que só o futuro é capaz de desencravar  a farpa, que fincada sob  a unha faz doer  esse meu coração. Mesmo não sendo a dor de um infarto que tive outrora, é uma dor que me lembra: “Foi por causa do infarto que sou obrigado a viver com a unha encravada”... Hoje limpa, mas imunda de dor!
- A verdade é que todos de um jeito ou de outro convive com uma unha encravada, lutando todos os dias para encontrar uma maneira de aliviar a dor, e sorrir sem lágrimas de tristeza! Ainda bem que temos dez dedos, para vivermos nove deles de felicidade!
- Como iniciei essa crônica, eu realmente não entendo o porquê, de uma firma não empregar um trabalhador que passou por uma cirurgia cardíaca. Acredito que a possibilidade de um operado ter novamente um infarto dentro da empresa é igual ou menor de um operário que nunca passou por um processo desses. Em fim, pelo menos temos mais nove dedos e nove unhas para vivermos  lutando pela melhoria de vida e de saúde! Os noves dedos estão lá para nos lembrar de que nunca devemos desistir de lutar e que as dores são assim, elas vem, mas passam!



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30-09-2013

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